segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Entre o luar e a folhagem

Entre o luar e a folhagem.
Entre o luar e a folhagem, Entre o sossego e o arvoredo, Entre o ser noite e haver aragem, Passa um segredo. Segue-o minha alma na passagem. Tênue lembrança ou saudade, Princípio ou fim do que não foi, Não tem lugar, não tem verdade. Atrai e dói. Segue-o meu ser em liberdade.
Vazio encanto ébrio de si, Tristeza ou alegria o traz ? O que sou dele a quem sorri ? Nada é nem faz. Só de segui-lo me perdi.
Fernando Pessoa

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